terça-feira, 22 de setembro de 2009

O poema abaixo é do poeta, tradutor Carlos Machado, que mantém o excelente boletim de poesia http://www.algumapoesia.com.br/e saiu na antologia Os dias do amor, publicada no final de 2008 em Portugal. Observe os belos oximoros, o mesmo amor "comercial" é também "orquestra de guizos". As sutis ironias a favor e contra o amor. Impossível não fazer uma relação, claro, com as devidas restrições de ordem socio-histórica, com os mestres Drummond & Camões. Carlos Machado é autor de Pássaro de vidro, São Paulo: Ed. Hedra, 2006. Livro de poesia de um poeta experiente e, se não me engano, uma das estreias mais tardias da poesia brasileira, com 55 anos.    


CURTO-CIRCUITO


o amor não engendra prêmios
nem tece ventos de pêssego
na carne exausta dos dias


o amor são outras romarias
peregrinações para
dentro de uma gigantesca
orquestra de guizos


algaravias
eletricidade estática na pele
confronto de signos


o amor são objetos de bolso
chaveiro cartão de crédito
aspirina —


e a carteira de identidade
para não esquecer
o próprio nome
depois da orquestra de guizos


o amor
confunde deus e o diabo
        no curto-circuito da pele


o amor
inventa todos os fogos
       desanda todos os pêndulos
 
 
Carlos Machado

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

16 –

Interessa-me Absurda
tudo o que tocas:
cristal ou saliva
e a natureza gasosa
do que inominável
te aproximas
em tuas
alucinadas formas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

8 –


Fluxo não é jorro

exemplo:
Heráclito

Sentir não se piegas

vê:
acácias

Suave pode ser aresta

exemplo:
vértebras

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